Eye Candy - Capítulo 03

Dois meses se passaram depois desses incidentes, e Kazuki continuou ajudando Zack a aperfeiçoar suas máquinas, mesmo depois que o seu castigo de videogames e computador havia chegado ao fim. E durante suas idas e vindas à casa do amigo, Kazuki sempre percebia a garota de azul andando pela rua, tentando disfarçar, olhando para uma esquina ou outra, ou uma vitrine de uma loja qualquer. Mas Kazuki era mais esperto, e numa das noites que ele estava voltando para casa, ao ver a menina de longe, resolveu ir falar com ela, para saber o motivo da perseguição diária e silenciosa.
Era uma noite fria e úmida, pois a muito tempo já havia passado o natal, e as pessoas já voltavam para sua casas aos poucos, e algumas delas faziam passeios com sua família pelas praças de Ikebukuro. Kazuki se sentou em um dos bancos da praça, esperando o movimento da rua diminuir.
- Ne ne papa, olha só aquele ursinho, eu quero ele, compra pra mim? - disse uma garotinha, que aparentava ter uns cinco anos de idade, usava um cachecol rosa com branco e botinhas de neve.
- Ohh, este é bonito, não é, mamãe? - disse um homem alto de mãos dadas com a garotinha - era o pai dela, pelo que se podia perceber.
- Claro, mas por que não vamos ver na próxima loja? Eu vi uns coelhinhos muito fofos no fim da rua. - disse a mãe.
- Eba, eba eba, coelhinho branquinho pra mim! - disse a menina, feliz.
- Então vamos lá filha! Vou comprar um presente para você, e algo para levar de lembrança dessa cidade.
E o homem pegou a garotinha nos braços, que o abraçou, sorrindo, e deu a mão para a mulher, e os três saíram rindo alto e conversando.
Kazuki observada aquilo, cabisbaixo.
- Pa...pai... - disse ele, baixinho e olhando para o chão.
Quando levanto u os olhos, a garota de azul estava bem mais perto do que ele imaginava, e de repente começou a descer uma neve fina na praça, e Kazuki se levantou, e começou a andar em direção à menina. E a cada passo à frente que ele dava, era um para trás que a garota respondia. Kazuki apertou o passo e andou depressa a ponto de se colocar do lado da menina, atravessando o seu caminho e a encurralando na parede.
- O-o-oque foi? - disse a menina, ficando vermelha.
- Quem é você e por que me segue em todo lugar que eu vou? - perguntou Kazuki, levantando uma das sobrancelhas, como sempre fazia quando estava desconfiado.
- Sigo? T-tem certeza? - gaguejou a menina. - Pode ser apenas coincidência, não...?
- Você sabe que não tem nada de coincidência nisso. Eu to cansado de sair de casa e me sentir observado. Você por acaso é da CIA e ta me confundindo com algum criminoso? - disse Kazuki, irritado.
Nesse momento a garota saiu do modo aparentemente defensivo, arrumou a postura, fechou os olhos, respirou fundo, abriu novamente os olhos e olhou bem dentro dos olhos de Kazuki, fazendo o menino ficar envergonhado.
- O que foi? - perguntou Kazuki, ainda nervoso.
- É como eu imaginei. - disse a menina, que tinha longos cabelos lisos e não usava nenhuma roupa de frio, como se morasse num país tropical. - Você é muito parecido com ele. Kazuki Meihiro...
A garota suavemente colocou as mãos no rosto de Kazuki e ainda olhando nos olhos dele, disse:
- Por quê?... Não é possivel, tão comum assim...?
Kazuki, se sentindo ignorado, franziu mais ainda as sobrancelhas e deu um pequeno tapa nas mãos da menina, afastando-as.
- Olha aqui sua estranha, como é que sabe o meu nome? E com quem diabos você está falando que eu pareço?
A menina deu um passo para trás, mordeu os lábios e pôs a mão na boca, como quem diz o que não deve, e dando mais dois passos, saiu correndo de onde Kazuki estava.
- Mas o que... Essa louca deve estar usando um tipo novo de droga. - disse Kazuki, virando-se para voltar para casa.



O colégio estadual onde Kazuki estudava estava incrivelmente cheio. Ele havia combinado de ir para o primeiro dia de aula do inicio do ano com o Zack, mas para variar ele perdeu hora, e Kazuki seguiu sozinho mesmo. Ja havia passado duas semanas que ele havia falado com a garota de azul, e ele não a viu mais depois daquele dia. "Menos mal" - pensou ele - "Eu devia ter falado antes com aquela idiota. Assim ela sairia da minha cola mais rápido. Eu ein, hoje em dia até eu tenho que aguentar stalkers."
Kazuki não conhecia praticamente ninguém da escola naquele ano. Por ser antissocial, ele nunca conversou muito com os colegas da sala dele no ano anterior. Se bem que nem adiantaria, por que ele foi reprovado e teria que fazer todo o ano novamente.
- Ahhhh não acredito! KAZU-CHAAAAAAN!! - uma garota ruiva veio correndo em direção a ele.
Kazuki, ao reconhecer a voz, e deduzindo que era a Lily, e que ela iria se jogar nele, deu um passo para o lado, fazendo a menina cair no chão.
- Ahhhhh minha roupa, está toda suja, snif..
- Ninguem mandou se jogar. - disse Kazuki, olhando para ela com desprezo.
- Poxa poxa Kazu-chan... Eu fiquei com tanta saudade de você, e é assim que você me trata no nosso reencontro? - disse Lily, fazendo bico.
- O meu nome é KAZUKI. KA-ZU-KI. Não te dou liberdade para me chamar como quiser.
- Ahhh que seja, Kazuki-chan. O que eu sinto por você é independente do seu nome - ela piscou.
- Tch. - Kazuki andou em direção ao painel, para saber qual era a turma dele.
Lily se levantou, limpando a roupa, e correu novamente para o lado de Kazuki, e disse:
- Ah não precisa ver isso Kazu-cha... Digo Kazuki-chan. Eu também repeti de ano - disse Lily, sorrindo. - E nós estamos na mesma sala!
Kazuki arregalou os olhos e foi conferir no painel se era mesmo isso que ele estava ouvindo. E qual foi a surpresa dele quando viu que realmente teria que aguentar aquela garota repugnante por mais um ano. Kazuki pos a mao nos cabelos, virou pro lado e saiu andando em direção à sala. E a Lily só observando o garoto, ao ver ele virando a esquina do corredor, deu um sorriso malicioso e foi para o portão da escola, esperar o sinal bater.
Dez minutos depois, o tão conhecido Yukimura- sensei entrava na sala de aula, desleixado como sempre, com os botões da camisa abotoados na casa errada, barba por fazer - parecia um mendingo. Ao ver Kazuki no ultimo banco da sala, deu um sorriso de escárnio para ele e falou para a turma:
- Bom dia meu alunos!! Esse é um novo ano para a maioria, e o mesmo ano para uns... - E piscou para Kazuki, que virou o rosto para a janela.
- Ahh sensei, não seja tão duro com ele, pode deixar que eu mesma todo conta do Kazuki-chan - disse Lily, se levantando e indo sentar na cadeira da frente de Kazuki, que continuava olhando para fora da janela, indiferente.
- Hehe, bom como vocês sabem, eu serei o professor de vocês esse ano. E temos uma aluna transferida para cá, ela veio de outro continente, mas a familia dela é japonesa também. Pode se apresentar - disse o professor.
- Bom dia, turma. Me chamo Michiyo Mei, vim da Inglaterra, pois minha familia foi transferida por questões políticas e a partir de hoje estarei estudando com todos vocês. Yoroshiku onegaishimasu! - e se curvou.
Ao ouvir aquela voz conhecida e reconhecer a menina, Kazuki deixou as mãos que estavam apoiando o rosto, caírem sobre a mesa, e ficou olhando para ela com olhos esbugalhados, sem saber o que pensar ou fazer.
"O que está acontecendo?? Eu estou ficando esquizofrenico? Isso só pode ser um pesadelo. Não pode ser verdade." - pensava Kazuki, enquanto a menina respondia algumas perguntas à classe sobre seu país de origem, e sua familia e formação.
- Muito bem, Michiyo-san, pode se sentar ali, do lado do sr. Meihiro.
A garota foi andando vagarosamente para o lugar designado, enquanto olhava fixamente para Kazuki.
- O que foi, Kazu-chan? Vocês se conhecem? - perguntou Lily, profundamente curiosa e desconfiada.
Kazuki não respondeu. Só continuava com as mãos na cabeça, olhando para a mesa branca e limpa, tentando entender o motivo de tudo aquilo estar acontecendo. Ele esperava nunca mais ver aquela menina, ele tinha dentro dele que se ele ficasse perto dela ele estaria correndo perigo, apesar de também achar que tudo era a sua imaginação, e no fim das contas dizer "eu tenho que parar de jogar coisas relacionadas com investigações ou então vou ficar louco!"
"Está tudo bem, aja naturalmente, ela deve ser só uma admiradora sua, afinal de contas, apesar de tudo você é bonitão" - ele tentava se convencer.
Enquanto Kazuki se perdia em pensamentos, Michiyo e Lily se entreolhavam, com desprezo, e a turma, percebendo o clima estranho entre os três, começou a cochichar sobre a aluna nova.
- Mas o que há com aquele garoto? Parece que não está bem. - dizia um.
- Veja só como a novata é diferente, os olhos dela são de um azul marinho lindo! - dizia outro.
- Olha só como eles se entreolham, parece que se conhecem...
- Esse Kaku-sei-lá-o-que é muito estranho, olha só pra ele, rodeado de duas garotas lindas, fica indiferente desse jeito.
- Vai ver ele gosta da mesma coisa que elas - cochichavam dois garotos.
A sala ja estava começando a ficar muito barulhenta quando o professor começou a ensinar as matérias. A primeira aula foi de história, e a aluna nova parecia que estava no céu, a cada fato que o sensei contava. A animação dela contagiou a todos, fazendo o professor mudar o rumo das aulas, e juntar todos em uma grande roda, coisa que ele nunca havia feito antes. Kazuki começou a observar a menina, e viu que ela não tinha nada de estranho. Parecia uma aluna transferida normal, com seus interesses por história e geografia do Japão mais do que qualquer aluno. Começou a ficar bem popular na escola, e Kazuki desistiu da ideia de conversar com ela, as pessoas ficariam olhando demais para ele.
- Kazuki-kun? - chamou Michiyo em um dos dias normais de aula.
Kazuki olhou para ela com um olhar desligado, e ela disse:
- Posso falar com você?
- Diga...
- Então... Sobre aquele dia, acho que eu te confundi com outra pessoa...
- Hum.
- E eu não estava muito bem também, sabe - e pôs a mão direita na cabeça, sorrindo.
- Uhum.
- Por isso quero pedir desculpas pelo mal entendido...
- Ta certo.
- Podemos ser amigos?
- Não.
A garota ficou envergonhada, apertou os pulsos e disse:
- Érr.. Por quê?
- Ja terminou de dizer o que tinha que dizer?
- Sim, me desculpe atrapalhar... - disse Michiyo, virando as costas e colocando lentes nos olhos, que ela havia tirado antes de ir falar com Kazuki. Sentou se em seu lugar, e colocou as duas mãos juntas na frente do rosto, como se algo a estivesse incomodando.
De longe, Lily observava o movimento da sala, e fazia anotações em seu caderno.




Nos fundos da biblioteca, podia- se ver um garoto de cabelos brancos e óculos, folheando um livro de física quantica e rodeado de livros de mesmo gênero durante o horário do intervalo entra as aulas.
- Zack, larga isso um pouco. - disse Kazuki, chegando perto da mesa.
- Opa, Kazuki- kun - Zack descruzou as pernas que estavam em cima da mesa. - Como foi no primeiro dia de aula? Conhece alguem?
- Sim. E seria bom se eu não conhecesse.
- Aff, deixa de ser anti-social, vai que você conhece alguem interessante... - disse Zack, tirando os óculos de leitura.
Kazuki deu a volta na mesa e se sentou do lado do amigo, e em voz baixa, disse:
- Aquela garota, droga, ta na minha sala.
- EITAAAAA, ELA TA NESSA ESCOLA???? - gritou Zack.
- Cala a boca, maldito!! Alguem pode te ouvir.
- Ops, desculpa...
- eu preciso trocar de sala. Ter aquela vadia da Lily e essa Michiyo no mesmo lugar está me deixando louco.
- Cara, mas me explica uma coisa aqui. Por que você nao gosta dessa novata? Eu nao entendo mesmo essa cisma que você tem com ela. Acho que tem que parar de jogar jogos policiais...
- Zack. Algo me diz que esta garota está escondendo alguma coisa. Mas eu nao sei como perguntar, e nao tenho coragem de falar nada. Sinto, sei lá, algo diferente vindo dela.
- AIUEHAUEIAHEUAI eu sei como isso se chama.
- Lá vem.
- Você ta apaixonado pela menina Kazuki-kun - E Zack começou a rir estridentemente.
- Calado, idiota. Parece que não é uma boa idéia te contar as coisas mesmo.
- Ih cara, relaxa. Eu só tava brincando. Realmente, se você acha que tem algo errado com ela, deve ter mesmo. Que tal se a gente a vigiasse?
- Pfff, como? Ela me persegue...
- Hum... É mesmo. Deixe-me ver. - e Zack se levantou da cadeira para andar de um lado para o outro, com o dedo indicador em forma de um U invertido na frente da boca, pensativo. - quer que eu a vigie por você?
- Acabei de me lembrar. No horário que as aulas acabam ela some, e só aparece depois das 15. - disse Kazuki.
- Aí, é uma boa hora para saber onde ela mora. - disse Zack, se sentando de novo.
- Beleza, vamos nos encontrar na saída, eu passo na sua sala uns 5 minutos antes pra gente ficar de posto podem ser?
- 5 minutos? Ai eu devo estar dormindo nessa hora... - disse Zack, guardando os livros em sua respectiva prateleira.
- Não complica as coisas. Quando faltarem cinco minutos para o meio dia, quero que esteja com seu material no armário.
- Sim senhor, capitão! - brincou Zack.
- Dispensado, soldado - retrucou Kazuki.
Andando pelos corredores da escola, Kazuki olhou pela janela e viu o pátio cheio de pessoas. E ao passar os olhos pela área das árvores, percebeu que a Michiyo estava sentada ao pé de uma delas, lanchando. Kazuki pensou, "como pode ela estar sozinha, se é tão popular..." e voltou para a sala, para ficar jogando enquanto o sensei não voltasse para continuar a aula.




Como haviam combinado, Kazuki e Zack saíram da escola mais cedo, dando uma desculpa qualquer para o professor. E na hora que o sinal de término das aulas bateu e Zack, de cima de uma árvore, vigiava a saída da turma de Kazuki.
- A Lily ja apareceu ali, Kazuki-kun. Fique esperto.
- Ok, estou vigiando - respondeu Kazuki, escondido atrás de um carro.
Não demorou muito e Michiyo apareceu no largo portão da escola, olhou para os dois lados e seguiu caminho em direção ao lado direito da rua. Kazuki deu um sinal para Zack, que desceu da árvore e trocou de lado da rua, seguindo a menina a 150 metros de diferença. Ao chegar num sinal de transito, Michiyo tirou da bolsa um relógio que mais parecia uma bússola, o abriu e o fechou rapidamente, e atravessou a rua, sem perceber que os dois meninos a estavam seguindo. Kazuki percebeu que era tarde e estava bem longe de casa. Mas continuou observando a menina, que a cada pedaço de tempo entrava em uma loja aleatória, e saía de dentro dela aparentemente sem nada de diferente. O ultimo lugar que a menina se dirigiu foi uma loja de roupas íntimas, com um nome tão dificil que nenhum dos dois conseguiu ler.
- Ah ta de brincadeira. - disse Kazuki.
- Vai querer entrar lá? - perguntou Zack, com os olhos brilhando.
- Cara, eu vejo um lobo faminto no seu rosto. - comentou Kazuki, sentando-se atras de uma enorme caixa de papelão que havia no lugar onde eles estavam.
- Não vai entrar lá? - perguntou novamente.
- Claro que não, retardado. Aquilo é uma loja de mulheres. Se bem que não seria má idéia dar uma espiada.
- Isso, vamos lá?? - Pediu Zack, com os olhos brilhando.
- Espera, olha ali. - e apontou para dois policiais que estavam passando.
- O que tem? Não é proibido entrar nessas lojas. - retrucou Zack, louco para espiar a loja de lingeries. - olha lá, os tiras sumiram, vamos lá cara.
- Não, Zack, estamos perdendo o foco. A Michiyo sumiu...
- Opa, é mesmo. Será que ela percebeu que estava sendo seguida e saiu pela porta dos fundos?
- Fuck, é uma possibilidade. Vamos dar a volta na loja pelo quarteirão de trás.
- Yosh, ikkou ze.
E os dois meninos saíram de trás da caixa e desceram um pedaço da rua, entrando em um pequeno e estreito beco que dava para os fundos da loja. O lugar estava sujo e empoeirado, e Kazuki teve que tampar o nariz para não espirrar. Ao chegar na outra ponta, Kazuki e Zack viram uma cena muito estranha. Michiyo estava encostada em um muro, com o seu vestido azul, e estava com uma das pernas arranhada, saindo um pouco de sangue. Zack fez menção de sair correndo para ver o que havia acontecido, mas Kazuki o segurou, tampando a boca dele e fazendo sinais para que ficasse quieto. Do outro lado do lote, três silhuetas negras se aproximavam da menina, que estava ofegante.
- Onde está o alvo, N° 3? - Um dos homens de capa preta perguntou à ela, com uma voz sombria.
- Eu não vou entregar nenhuma informação para o Ômega. Façam o que quiserem e digam o que quiserem.
- Pois vamos fazer mesmo o que quisermos.
E os homens se aproximaram da menina, cercando-a. Michiyo deu um passo para trás, e tirou um canivete de dentro da pequena bota preta. Um dos homens fez um movimento de dar um soco no rosto dela, mas ela bloqueou o ataque, dando um golpe com o canivete, fazendo o braço do estranho sangrar. O homem deu um passo para o lado oposto, não esperava que ela soubesse o que ele iria fazer, e tentou chamar a atenção da menina enquanto o seu comparça tirava a capa preta e a atacava por trás. Michiyo se abaixou e deu uma voadora no homem de trás, mesmo sem se virar. Enquanto os três lutavam, o terceiro homem de capa preta apenas observava como se estivesse coletando informações. Michiyo deu uma joelhada no estômago de um deles e rapidamente deu uma banana em volta do pescoço do outro, apontando o canivete para a jugular dele.
- Me dá a arma. - disse ela para o terceiro homem de capa, o que não estava lutando. - Senão corto o pescoço dele.
- Eu não tenho arma, mocinha. Você é só uma, acha mesmo que mesmo com seus poderes conseguirá se safar dessa? Nós somos três, você pode desistir.
Michiyo arrastou o canivete pelo pescoço do homem, que começou a gritar de dor.
- Eu não estou brincando. Me dê a arma que está com você, eu vou matar ele.
- Ora vamos você é apenas uma novata. A Oracle está apenas te usando como cobaia para alcançar seus objetivos. Entregue para nós os dados que você coletou e tudo ficará bem. Não quero machucar uma mocinha bonita como você...
Michiyo olhou para o homem e deu um sorriso de canto de lábios. De repente, em cima de um dos prédios que cercavam o lote vago dos fundos da loja de lingeries, ela viu uma sombra negra e logo depois, um dos homens caiu no chão, desmaiado. Michiyo aproveitou o momento para jogar o terceiro homem no chão e pegar a sua arma, atirando nos dois, que ficaram com os corpos estirados no chão. Michiyo pegou o relógio e o abriu, fazendo aparecer um holograma e um menu, e selecionando uma das opções ela disse:
- Código N°54B46.
- Bem vinda, N°3. O que você deseja? - disse uma voz do sistema, que saía do holograma.
- Necessito de um ponto guia e três frascos de Amnivoid.
- Um momento, por favor.
- Ok.
- Serão mandados para o seu endereço em breve. Deseja mais alguma coisa?
- Não, é só isso.
- Tenha um bom dia.
Michiyo fechou o relógio e olhou para cima do prédio que ficava em frente ao lote, procurando a pessoa que havia a ajudado. Não encontrando, se abaixou e colocou um curativo no pescoço do homem que ela tinha cortado, e verificou o pulso dos outros. Levantando-se, pegou o celular e discou um numero enorme.
- Jin, onde você está? Não te vi depois que saiu do prédio. (...) Ah sim, nos vemos mais tarde, e você vai me dizer o que está fazendo na cidade. Até mais.
E desligou.
Nesse momento, Michiyo, que estava andando vagarosamente para a saída do lote cercado de muros, parou e pôs as mãos em um dos ouvidos. E se virou bruscamente, indo em direção de onde os meninos estavam.
Kazuki, percebendo que seriam descobertos, puxou Zack pelo colarinho e saiu correndo do beco, se sujando todo. Ao saírem, ofegantes, correram para o outro lado da rua,  se enfiaram no meio das caixas de papelão que estavam ali e ficaram observando o movimento da rua.
- Kazuki Meihiro, o que está fazendo aqui?

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